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A mostrar mensagens de junho, 2021

Mais um cromo na instituição

  Hoje venho vos contar mais um cromo que está aqui na instituição, o homem coitada é cego de nascença, fez uma amputação há uns meses e para melhorar o cocktail não ouve nada sem os aparelhos que avariaram os dois. Então o senhor tem umas situações engraçadas mas outras nem por isso, para se falar com ele tem que ser aos berros e ele como não ouve fala também aos gritos, então o senhor assim que acaba de comer começa logo aos berros para lhe colocarem a cama para baixo. Estas situações não são perturbadoras uma vez que são de dia, mas quando ele se lembra de madrugada começar aos ais  mas quando chegam lá e perguntam que se passa ele diz que não é nada, mas entretanto já acordou metade do piso. Outra coisa engaçada que ele tem é a relação que tem com a água é mais deixa me que fazes falta no Alentejo, quando lhe estão a fazer a higiene o homem grita parece que o estão a matar, e como é surdo grita que se ouve na unidade toda. E é assim o que eu tenho vivido, mas o mais importante é vi

O porque de não dizer nada as quartas feiras

  Antes demais quero vos pedir desculpa por não vir cá as quartas feiras, mas as quartas feiras é dia de ir a Santa Maria para refazer o penso de vácuo, e aquilo é sempre uma tareia tão grande, para terem uma ideia sou passado da cama para a maca dos bombeiros depois é fazer a viagem até Santa Maria, mas a ambulância parece uma carrinha de transporte de gado vivo, depois chegado lá passam me para uma maca do hospital. Depois disto tudo fico na maca que é de um conforto maravilhoso, e depois fico umas horas desta forma, depois de fazer o penso, e depois de esperar que eles cheguem para fazer o retorno, volto a repetir tudo outra vez até chegar há instituição. Mas como chego sempre tão cansado só quero descansar e vinte minutos depois de estar na cama já estou a dormir, dai o motivo para não ter cá vindo, mas venho assim que posso. Em relação ao buraco que estava aberto no coto fazendo uma loca do caraças está quase todo fechado, o penso de vácuo tem sido muito bom. Obrigado por perderem

Como superar esta situação

  Bom minhas amigas e amigos como sabem continuo na instituição, mas hoje não lhes vou falar de nada que se tenha passado aqui, hoje vou lhes falar de como se consegue superar estes meses todos internado tanto no hospital como aqui na clinica. No hospital era mais difícil porque as janelas são em ferro e só abre as precianas e isso torna mais doloroso de se superar mas com muita vontade de viver tentamos superar tudo, não estou a dizer que não tenho dias que estou mais em baixo, mas tento me agarrar as coisas boas que já vivi e que irei viver, tento me agarrar as pessoas que gostam de mim e que eu gosto delas. E é isto que temos que fazer sempre, afastar os maus pensamentos e ficar com os bons pensamentos. Hoje é um daqueles dias que esta a ser complicado, estou cansado e não tenho vontade para fazer seja o que for, também é efeito do medicamento que tenho em SOS para as dores. Mas é assim amigos, pensamentos positivos sempre e ter objetivos para se agarrar e viver, obrigado por me aco

A minha vida na instituição

  Ora então hoje vamos ficar a conhecer o meu dia a dia aqui na instituição, acordo e trato da minha higiene pessoal, com ajudas das auxiliares, depois tomo o pequeno almoço, e depois é ficar há espera da hora de almoço, e o que se faz até chegar essa hora, vamos dormitando quando se tem um colega de quarto que se possa falar vamos falando para passar o tempo. Por falar em colegas de quarto, tenho apanhado uns quantos engraçados, os dois primeiros que eu apanhei, dois porque o quarto de isolamento era de três camas, um não falava tinha uma traco e estava sempre com a tossir e muitas vezes tinha que ser aspirado. O outro é praticamente autónomo apesar de ter sido amputado das duas pernas, mas tinha uma coisa engraçada, parava a cadeira de rodas baixava a cabeça e dormia, depois esteve lá outro que tem uma obsessão pelo comando da TV, quando as auxiliares la entravam de manhã a primeira coisa que ele pedia é o comando e ficava com o controlo da TV até querer, assim que acabava o jornal e

A loca e como a vamos fechar

  O meu médico depois de falar com a restante equipa chegaram a conclusão de fazer um penso de vácuo para tentar fechar o buraco, e assim foi ficou marcado uma consulta para se fazer o tal penso de vácuo, quando se fez o primeiro penso, a esponja usada na loca era enorme, ou seja imaginemos uma esponja com cerca de quinze centímetros e a quantidade usada foi mais ou menos metade disso para encher o buraco.  E assim foi feito a primeira vez o vácuo e ficou combinado voltar na próxima quarta feira, mas a maquina encheu o reservatório no domingo antes da ida a fazer penso novamente, e assim adiantou se um dia a ir fazer o penso. Mas como tudo me corre um pouquinho mal, a retirar a esponja da loca fez se uma pequena ferida que começou a deitar sangue e não se conseguir estagnar, então foi feito um penso normal e no dia seguinte fazia então o penso, mas desta vez iriam colocar uma pelicula para evitar que volta se a agarrar e fazer novamente ferida. E então desde essa altura tenho feito o p

Um desabafo

  Hoje não vos vou contar episodio que possa ter acontecido, hoje vou desabafar um pouco com vocês, depois de tudo o que me tem acontecido nestes últimos meses já teria desistido e enfiado a cabeça na almofada e ficar a lamentar o que me estava a acontecer, pois bem isso para mim não é solução. Não faz sentido começar uma luta contra tudo o que aparecer pela frente e depois a meio dessa luta baixar os braços, meus amigos eu tenho um tumor que mais dia menos dia vai me matar não é por saber isso que eu vou desistir de lutar, caraças eu estive 16 horas em bloco operatório, se aquelas mulheres e homens que estiveram lá também não desistiram de mim não vou desistir de lutar contra ele e quem sabe acontece um milagre. Por isso meus amigos nunca devemos desistir de nada na nossa vida, vamos viver um dia de cada vez e com muita esperança e sempre de cabeça erguida. Desculpem este pequeno desabafo, mas isto é a minha forma de encarar a vida, ela já tem o destino traçado mas eu vou dar sempre l

O isolamento em enfermaria covid

  Depois de subir para uma enfermaria covid, fiquei num quarto sozinho mas num quarto perto do meu estava um padre com noventa e dois anos, e já tinha problemas de audição, e todos dias acordava com uma alegria. Como estive no isolamento na altura da Páscoa, ele pediu para ver a missa mas o canal que elas colocaram tinha umas mulheres no couro e ele pediu logo para trocar de canal porque ele como franciscano não pode haver mulheres nos altares. Passava o tempo todo aos gritos que a vida é linda e que viva a vida, no dia de Páscoa eram oito da manhã já ele estava aos gritos que Jesus tinha ressuscitado mas aos berros logo de manhã, mas coitado também já tinha problemas de audição e  no fundo até era engraçado ouvi-lo logo de manhã. E lá estava eu em isolamento enquanto estava tudo preparado para me receber na enfermaria da ortopedia, mas como ouve um iluminado no SO que se lembrou de me fazer o teste ao covid, como eu tinha estado infetado e medicamente estava curado mas continua a exis

A continuação na instituição

  Desde o primeiro dia que entrei nesta instituição que sempre fui muito bem tratado, e há um dia que vou fazer a quimioterapia e quando voltei já fui para outro quarto também de isolamento e desta vez sozinho, mas continuava a deitar urina ao lado da algalia, estava se a fazer o penso duas e três vezes por dia. Um dia começo a fazer febres bastante altas muito perto dos quarenta graus, e a enfermeira que estava cá enviou me para as urgências, não me lembro de ter ido daqui para o Hospital Garcia de Horta mas segundo a minha grande amiga Sílvia eu fui o caminho todo a enviar mensagens mas sem nexo. Do Garcia de Horta sou enviado para o Hospital de Santa Maria, entro nas urgências mas isto tudo sem me lembrar de nada, um dos médicos da equipa esteve lá o Dr. André e não me lembro de nada, eu tinha entrado com uma infeção enorme e abriu um buraco no lugar da cicatriz da amputação abrindo um buraco com cerca de quinze centímetros de comprimento e cerca de seis ou sete centímetros de profu

Um pedido de desculpas

  Meus amigos antes demais quero vos pedir desculpas por tantos dias sem dar sinal de vida, mas aconteceram umas situações que mais tarde vos contarei, mas esta tudo bem comigo e as situações que aconteceram estão controladas. Mais uma vez peço vos desculpas e obrigado por passarem por cá, em breve voltam as situações boas e más. Até já meus amigos, sempre com um sorriso nos lábios.    

O acolhimento no novo lugar

  E pronto sou recebido com bastante simpatia, sou colocado num quarto de isolamento, para fazer quatorze dias em isolamento, mas estava num quarto simpático e estava sozinho mas foi por pouco tempo, como o quarto não tinha TV arranjaram logo uma, há primeira vista parece ser uma instituição boa. Mais tarde colocaram ao meu lado um utente que tem uma "traqueostomia" que basicamente é um buraco feito na garganta cirurgicamente, tem o inconveniente que é estar sempre babado, este senhor que colocaram me é um pouco pior ele esta sempre a tossir ao ponto de o terem que o aspirar, ou seja foi umas noites complicadas. Espero que não sejam todas assim.....    

A sair e a saudade dos amigos

  E chegou a hora de sair do hospital, onde estive sete meses onde fiz bons amigos e amigas. Foi complicado gerir as emoções e não me desmanchar a chorar, e acho que da parte deles também, é sempre complicado depois de se estar sete meses em que eles passam mais tempo connosco do que com a sua própria família. Mas chegou a uma altura que não deu para esconder a lagrima, e da parte deles foi a mesma coisa, mas a vida continua, os bombeiros levam a maca para para a ambulância, era um carro de pernes, e na conversa sobre estar um carro de tão longe fazer este transporte. Foi quando ele me disse que esta sempre um carro de pernes ali de serviço, e no meio daquela toda vim a saber que ele é de Santarém, e o outro rapaz e das Fazendas de Almeirim, quase vizinhos. Lá chego há instituição, mais uma passagem de maca para a cama, e sou colocado num quarto de isolamento, cada vez que se sai para ir as consultas, ou para trocar pensos, como é o meu penso tem que ser feito pelo médico, foram bons t

O corte de cabelo

  Como todos sabemos o cabelo cai durante a quimioterapia, e o meu não foi uma exceção. A minha queda de cabelo começou quando estava em isolamento, para evitar que cai-se muito cabelo pedi para cá vir a barbeira para me rapar o cabelo. E a resposta que deram a quem pediu para lá ir, a barbeira não vai a enfermarias covid, então pedi uma toca para evitar que o cabelo caísse para a almofada ou para a comida e assim fiquei ate voltar há enfermaria de ortopedia. Dois ou três dias depois lá veio a barbeira para me rapar o cabelo, foi uma sensação tão estranha ficar com a pele da cabeça, mas é um alivio não ter cabelos constantemente em volta de mim, na almofada, estar sempre com medo que caia algum cabelo na comida. E foi assim que se passa de perneta a nenuco perneta....